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Monte do Pasto aposta na agropecuária para exportação
No Alentejo continuam a apostar na agropecuária, exemplo disso é o relançamento da Monte do Pasto, a maior empresa do setor em Portugal e uma das maiores na Península Ibérica, e com uma vocação marcadamente exportadora, cerca de 80% da produção. O projeto, 100% nacional, consiste em 3 áreas de negócio: criação de gado bovino cruzado de carne, engorda intensiva de gado bovino, produção de rações. Dada a sua dimensão internacional, e tendo em conta a forte competição, a empresa garante “a qualidade superior pela via da origem nacional e do forte controlo de parâmetros e aplicação de tecnologia avançada do setor”.
Clara Moura Guedes, administradora-delegada da Monte do Pasto, explicou ao Dinheiro Vivo a razão da aposta no setor agropecuário em Portugal, no momento em que se vive com tantas queixas de produtores de bovinos, das dificuldades de escoamento e dos baixos preços. “A Monte do Pasto tem uma vocação marcadamente exportadora sendo que cerca de 90% da sua produção é exportada. Os preços praticados em Portugal, atualmente, são inviáveis para a sustentabilidade a longo prazo de uma operação de qualidade e cumprindo rigorosos critérios de controlo”. E continua, “em Portugal assistimos a uma prevalência absoluta do preço sobre qualquer outro fator pelo que, dadas as características da nossa produção, ela é orientada para mercados externos que valorizam essa qualidade, registando-se uma procura muito forte deste tipo de produto”.
A administradora-delegada da Monte do Pasto, sublinha que esperam “que o mercado português comece a evoluir no sentido da qualidade, onde há uma enorme latitude e não exclusivamente do preço, sendo que, ao nível do consumidor, assistimos atualmente a um forte movimento na restauração com ofertas muito diferenciadas em restaurantes especializados em carne. Infelizmente vemos quase exclusivamente carne importada, nestas situações, mas estamos a trabalhar no sentido da sensibilização dos operadores nacionais para o interesse em oferecer carne de bovino de grande qualidade e diferenciação, criada e produzida em Portugal, mais concretamente no Alentejo”. E frisa, “o consumidor nacional já valoriza esta oferta na restauração pelo que acreditamos que esta tendência de consumo nacional e internacional poderá ter eco nos operadores de distribuição“.
O início da produção da Monte do Pasto, aconteceu em 1981, em Beja. Ao longo dos anos a produção foi sendo alterada, com a integração de novas empresas e alienação de outras. Em 2015 ocorreu a principal reestruturação acionista, com a alienação da SAPJU CARNES. E o início do investimento de recuperação e relançamento da SAPJU AGRO. Clara Moura Guedes, afirma que “a reestruturação acionista e o subsequente investimento na modernização, relançamento e expansão do grupo permitiram ganhar uma dimensão, única em Portugal, vantagem competitiva fundamental para competir noutros mercados”. Salientando que a “orientação estratégica fundamentada na qualidade, eficiência e controlo rigoroso de todo o processo, baseando-o no “state of the art” do sector e na experiência de operações de enorme dimensão, sobretudo fora da Europa, tornou a Monte do Pasto num grupo extremamente competitivo em mercados internacionais e já com uma carteira de encomendas e clientes muito interessante, fundamentalmente no exterior. Como Espanha, Norte de África e Médio Oriente”. A reestruturação implicou um investimento superior a 10 milhões de euros e o maior desafio foi a alteração da cultura de um grupo tradicional, “com um histórico muito conturbado, a operar num sector extremamente problemático, onde as práticas concorrenciais e de negócio nem sempre são transparentes”, diz. Assim o desafio “foi relançar, neste contexto, nem sempre fácil, um grupo moderno, gerido profissionalmente, recorrendo ao know-how e expertise do que de melhor se faz no mundo e com uma postura totalmente aberta e transparente, valorizando a cooperação. As mudanças de mentalidade e de paradigma são sempre o maior desafio”, salienta a administradora-delegada.
Os resultados ao fim de pouco mais de um ano “são extremamente animadores, com um aumento de mais de 300 % do volume de negócios, com uma expectativa de rentabilidade muito interessante, já iniciada em 2015, invertendo totalmente um ciclo negativo de vários anos”. No ano passado a Monte do Pasto faturou sete 7 milhões de euros, e para este ano as previsões são que seja superior a 25 milhões de euros. Na empresa trabalham atualmente 40 pessoas. A Monte do Pasto é uma operação abrangente e integrada pois abrange três áreas de negócio: -Produção intensiva de bovinos ao ar livre com uma capacidade que pode ir até aos 30 000 animais /ano; -Produção em extensivo de criação de bezerros em pastagem; -Unidade industrial de produção de rações. “Esta integração permite-lhe, para além da dimensão, aspeto essencial nos negócios de exportação, operar com extrema eficiência e assegurar a homogeneidade e rentabilidade da totalidade do negócio”, salienta Clara Moura Guedes, dizendo ainda que a localização, no Alentejo, “região de características ótimas para esta produção quer pelas condições naturais quer pela origem de algumas matérias-primas e fornecedores de animais para a produção intensiva”.
Virgínia Alves in Dinheiro Vivo, 23 de Março 2016