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Março 12, 2019Formação no Monte do Pasto
Sessão de formação em maneio holístico introduz método Savory no Monte do Pasto
O maneio holístico é um conceito de gestão pecuária fundado por Allan Savory, reputado especialista em ecologia nascido no Zimbabwe, que demonstrou empiricamente que os rebanhos pastoreados em áreas pobres ou inférteis acabam por arar o solo com os seus cascos e por adubá-lo com os seus excrementos, tornando a terra novamente produtiva.
Esta visão da pecuária privilegia a ideia de que os animais são a solução contra a desertificação, sendo portanto essencial desenvolver um sistema de planeamento e tomada de decisões que ajude criadores de gado, agricultores e gestores de territórios a gerir melhor os recursos agrícolas para colher benefícios ambientais, económicos e sociais de maneira sustentável e regenerativa.
Gustavo Ales partilhou durante dois dias de trabalho intenso (em sala e no campo) com as equipas de zootecnia e veterinária e outros colaboradores do Monte do Pasto a sua experiência na aplicação deste método de gestão em diversos países e situações ecológicas diversas, mostrando as vantagens da aplicação do maneio holístico sobre outros métodos de gestão tradicional da criação de gado em extensivo.
Segundo este especialista, o método Savory permite criar condições objetivas de conservação ou recuperação dos ecossistemas, focando-se na criação de valor para os operadores económicos do setor agropecuário que, assim, se tornam agentes da sustentabilidade ambiental a longo prazo.
Gustavo Ales, engenheiro agroecológico, contextualiza as diferentes formas de pastoreio nos diferentes tipos de solos para depois estabelecer relação entre ambos e explicar porque é que o maneio holístico permite uma melhor manutenção ou renovação da qualidade das terras e, por consequência, dos ecossistemas habitados.
Para este especialista, se o pastoreio for holístico e planeado pode regenerar a terra, «aumentando a cobertura do solo, a infiltração de água, a biodiversidade, a produtividade e o carbono retido, como está documentado em mais de 4 milhões de km² da Patagónia», exemplifica.
Períodos de recuperação, duração do período de pastoreio e densidade animal precisam de ser definidos com precisão pelo gestor pecuário, pois a diferença entre ser regenerativo ou destrutivo depende das decisões tomadas e da solidez da sua base científica e técnica.
Segundo o ecologista, a produção regenerativa, baseada no maneio holístico, é capaz de produzir carne bovina de alta qualidade, com elevada proporção de ácidos gordos ómega 3 a ómega 6, fixando carbono com segurança nos solos de pastagem.
Gustavo Ales explica que o maneio holístico de pastoreio pode fixar no solo 6,7 kg de CO2 por quilo de carne bovina, enquanto o produto industrial tem uma retenção de 6 kg de CO2 para a mesma quantidade de carne.
O bem-estar animal aumenta padrão de retenção de CO2 já que os animais pastam com frequência em solos frescos e saudáveis, com pasto verdejante. «A produção pecuária regenerativa permite maior rentabilidade com baixo investimento e permite aumentar o capital biológico e social nas paisagens rurais», garante.
Para o engenheiro espanhol, «este tipo de produção precisa ser promovido como uma estratégia eficaz para a retenção de carbono no solo, como parte de uma solução efetiva para as mudanças climáticas».
Esta sessão de formação com Gustavo Ales enquadra-se na estratégia de inovação e melhoria contínua do Monte do Pasto, apostado na valorização dos seus recursos humanos e em formas cada vez mais tecnicamente suportadas de garantir altos padrões de sustentabilidade ambiental e de bem estar animal.